Todos nós, bailarinos, temos referências artísticas que nos servem de inspiração na hora de criar ou enriquecer uma performance. Na dança do ventre, por exemplo, inspiram-me Orit Maftsir, Fifi Abdo, Autuumn Ward, Lulu… Mas, além dos muros do nosso bellyword, também me inspira o trabalho de outros artistas, alguns do teatro e outros da música, como, por exemplo, ninguém menos que Madonna (huuum, não torce o nariz, vai….).
Aliás…. Sou fã dessa artista há exatos 26 anos. Pronto, entreguei minha idade, rs.
Talvez algumas pessoas não saibam, mas no princípio de sua carreira Madonna desejava ter sucesso como dançarina. Chegou inclusive a cursar Dança na Universidade de Michigan. Uma das referências em dança que Madonna possui é Martha Graham, cujo 117º aniversário se comemora hoje, 11 de maio. Martha nasceu em 1893, na Pensilvânia (E.U.A), e é tida como “o Picasso da dança”. Faz parte da mesma geração de Isadora Duncan e assim como ela, engrossou o movimento de oposição as restrições rigorosas do ballet clássico ao investir numa dança de expressividade acentuada e centrada totalmente na figura feminina. Martha trazia em seu trabalho aspectos da formação puritana da sociedade americana, mitologia grega e da cinematografia do século XX a fim de “expressar algo essencial sobre a condição da mulher americana” (O’Brien, 2008). Madonna, oriunda de família católica e suburbana, se identifica com a proposta de Martha e assim podemos encontrar em suas composições coreográficas traços de um discurso feminista traduzido em performances fortes e provocativas, as quais, apesar de também conter referências de outras danças, tem no trabalho de Graham sua base principal.
Madonna sustentou o estúdio de Martha Graham até seu último ano de vida (1991), e em 1994 fez um tributo à grande artista através das fotos abaixo:
E as duas, juntinhas, num momento divertido de suas vidas (eu acho…):
Penso, inclusive, que por causa desta e outras referências que Madonna utiliza em seus trabalhos existe muito o que se observar se deixarmos enxergar essa artista apenas como produto comercial. Mas isso fica para outro dia. Bem, finalizando, um pouco dessas duas musas, únicas na forma como revolucionaram a arte a que pertencem.
Martha e sua famosa obra, Lamentation (ouçam a reflexão que ela faz no início do filme, lindíssima!).
E Madge, em toda sua irreverência, força e rebeldia.
Referência Bibliográfica: O’Brien, Lucy – Madonna:50 anos – a biografia do maior ídolo da música pop. Nova Fronteira, Rio de janeiro, 2008.